Aprenda 10 boas práticas para tornar seu site mais acessível

Introdução

A acessibilidade na web é crucial para que todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência, possam utilizar sites e aplicativos plenamente. Desenvolvedores web desempenham um papel essencial nesse processo. Este artigo apresenta 10 boas práticas de acessibilidade web, com exemplos práticos, para auxiliar na criação de experiências digitais mais inclusivas.

1. Forneça textos alternativos para imagens

Utilize o atributo alt em imagens para fornecer textos alternativos. Isso permite que usuários de leitores de tela compreendam o conteúdo das imagens e ajuda nos mecanismos de busca.

Exemplo:

<img src="praia-rio.jpg" alt="Vista da Praia de Copacabana em um dia ensolarado">

2. Garanta contraste adequado entre texto e fundo

Manter um bom contraste entre o texto e o fundo é essencial para garantir a legibilidade, especialmente para pessoas com baixa visão ou daltonismo. Utilize combinações de cores que sejam facilmente distinguíveis para todos os usuários.

Exemplo:

body {
    background-color: #001f3f; /* Azul escuro */
    color: #ffffff; /* Texto branco */
}

Para verificar se o contraste é suficiente, você pode utilizar ferramentas como:

• WebAIM Contrast Checker: Verifica o contraste entre cores e se está em conformidade com as diretrizes WCAG.
• Contrast Ratio: Calcula a taxa de contraste entre duas cores específicas.

Garantir um contraste adequado não só melhora a acessibilidade, mas também cumpre as diretrizes WCAG sobre contraste mínimo, beneficiando todos os usuários.

3. Indique o início do conteúdo com a tag <main>

Utilize a tag <main> para identificar o conteúdo principal da página, excluindo elementos como cabeçalhos, rodapés e barras de navegação. Isso facilita a navegação para usuários de leitores de tela, que podem ir diretamente ao conteúdo principal.

Exemplo:

<header>
    <h1>Bem-vindo ao Meu Site</h1>
</header>

<main>
    <h2>Sobre Nós</h2>
    <p>Somos uma empresa dedicada a oferecer os melhores serviços aos nossos clientes.</p>
</main>

<footer>
    <p>© 2024 Meu Site</p>
</footer>

O uso correto da tag <main> melhora a organização do HTML e torna a navegação mais eficiente para pessoas que utilizam leitores de tela. Não é necessário adicionar role="main", pois a tag já é semântica.

4. Use HTML semântico para melhorar a estrutura

Utilize HTML semântico para definir a estrutura e o significado do conteúdo. Tags como <header>, <nav>, <main>, <section> e <footer> ajudam a organizar a página de forma lógica, facilitando a navegação para usuários de leitores de tela e melhorando o SEO.

Exemplo:

<header>
    <h1>Restaurante Gourmet</h1>
    <nav>
        <ul>
            <li><a href="#menu">Menu</a></li>
            <li><a href="#reservas">Reservas</a></li>
            <li><a href="#contato">Contato</a></li>
        </ul>
    </nav>
</header>

<main>
    <section id="menu">
        <h2>Nosso Menu</h2>
        <p>Explore nossos pratos feitos com ingredientes frescos e de alta qualidade.</p>
    </section>

    <section id="reservas">
        <h2>Faça sua Reserva</h2>
        <p>Garanta sua mesa entrando em contato pelo telefone ou preenchendo nosso formulário.</p>
    </section>

    <section id="contato">
        <h2>Entre em Contato</h2>
        <p>Envie uma mensagem ou ligue para nossa equipe. Estamos à disposição para atendê-lo.</p>
    </section>
</main>

<footer>
    <p>© 2024 Restaurante Gourmet - Todos os direitos reservados</p>
</footer>

O uso de HTML semântico melhora a acessibilidade, pois leitores de tela podem identificar e navegar pelas diferentes seções da página. Elementos como <nav> e <main> possuem significados específicos que auxiliam na compreensão do conteúdo.

Para mais informações sobre HTML semântico, consulte a documentação do MDN Web Docs.

5. Forneça legendas para conteúdo de vídeo

Adicionar legendas a vídeos é essencial para que pessoas com deficiência auditiva compreendam o conteúdo. Além disso, vídeos acessíveis não devem depender apenas do áudio; informações importantes devem ser transmitidas também de forma visual.

Exemplo de implementação usando a tag <track>:

<video controls>
    <source src="video.mp4" type="video/mp4">
    <track src="legendas.vtt" kind="subtitles" srclang="pt-br" label="Português">
    Seu navegador não suporta o elemento de vídeo.
</video>

O formato .vtt (WebVTT) é amplamente utilizado para legendas e pode ser criado manualmente ou com ferramentas online. Um exemplo básico de arquivo .vtt:

WEBVTT

00:00:01.000 --> 00:00:05.000
Bem-vindo ao nosso tutorial de acessibilidade!

00:00:05.000 --> 00:00:10.000
Hoje você aprenderá práticas essenciais para melhorar seus sites.

Para criar arquivos .vtt, você pode usar ferramentas como:

• Amara: Plataforma online gratuita para criar e editar legendas.
• Subtitle Tools: Ferramentas para conversão e edição de legendas.
• Aegisub: Software gratuito para legendagem avançada.

Também é possível incorporar legendas diretamente no vídeo durante a edição, usando programas como Adobe Premiere, Final Cut Pro ou soluções gratuitas como Shotcut e DaVinci Resolve.

Garantir que o vídeo seja compreensível mesmo sem áudio torna o conteúdo mais inclusivo e acessível a todos os públicos.

6. Evite usar apenas cores para transmitir informações

Não dependa exclusivamente de cores para transmitir informações, pois isso pode dificultar a compreensão para pessoas com daltonismo ou outras deficiências visuais. Combine cores com textos, ícones ou padrões que descrevam a informação de forma clara.

Exemplo inadequado:

<ul>
    <li><span style="color: red;">●</span> Tarefa 1</li>
    <li><span style="color: green;">●</span> Tarefa 2</li>
    <li><span style="color: blue;">●</span> Tarefa 3</li>
</ul>

Neste exemplo, apenas a cor dos círculos indica o status das tarefas, sem nenhuma descrição adicional, tornando difícil para pessoas com deficiência visual entenderem o significado.

Exemplo adequado:

<ul>
    <li><span style="color: red;">● Atrasada</span> - Tarefa 1</li>
    <li><span style="color: green;">● Concluída</span> - Tarefa 2</li>
    <li><span style="color: blue;">● Em progresso</span> - Tarefa 3</li>
</ul>

Aqui, além das cores, foram adicionadas descrições textuais que indicam claramente o status de cada tarefa.

Ferramentas como simuladores de daltonismo podem ajudar a identificar problemas com o uso de cores:

• Toptal Color Blindness Filter: Simula como pessoas com diferentes tipos de daltonismo percebem as cores.
• Color Oracle: Software gratuito para simular deficiências visuais relacionadas à percepção de cores.

Garantir que a informação não dependa apenas de cores melhora a acessibilidade e torna a experiência mais inclusiva para todos os usuários.

7. Ofereça links descritivos

Utilize textos de link que descrevam claramente o destino ou a ação esperada. Evite termos genéricos como "Clique aqui" ou "Leia mais", pois não fornecem contexto suficiente, especialmente para usuários de leitores de tela que podem navegar apenas pelos links.

Exemplo inadequado:

<a href="detalhes-produto.html">Leia mais</a>

Exemplo adequado:

<a href="detalhes-produto.html">Saiba mais sobre o Produto X</a>

Links descritivos melhoram a acessibilidade e a experiência do usuário, permitindo que todos entendam facilmente para onde o link os levará.

8. Use ARIA somente quando necessário

Os atributos ARIA (Accessible Rich Internet Applications) ajudam a melhorar a acessibilidade de elementos personalizados ou complexos. No entanto, use ARIA apenas quando não for possível utilizar HTML semântico, pois este já oferece suporte robusto para tecnologias assistivas.

Exemplo com HTML semântico:

<nav aria-label="Menu principal">
    <ul>
        <li><a href="#inicio">Início</a></li>
        <li><a href="#servicos">Serviços</a></li>
        <li><a href="#contato">Contato</a></li>
    </ul>
</nav>

Não é necessário adicionar atributos ARIA extras a elementos semânticos como <nav>. Porém, se você estiver usando elementos genéricos, pode precisar de ARIA para definir seu papel:

<div role="navigation" aria-label="Menu principal">
    <ul>
        <li><a href="#inicio">Início</a></li>
        <li><a href="#servicos">Serviços</a></li>
        <li><a href="#contato">Contato</a></li>
    </ul>
</div>

Regras importantes para o uso de ARIA:

• Priorize sempre o HTML semântico.
• Use ARIA apenas quando não houver um elemento semântico adequado.
• Evite duplicar informações que o HTML já fornece.

Para mais informações, consulte as Diretrizes de Práticas do ARIA.

9. Garanta a hierarquia correta com cabeçalhos apropriados

Use os elementos de cabeçalho (<h1> a <h6>) de forma hierárquica para organizar o conteúdo da página. Isso facilita a navegação para usuários de leitores de tela, que podem saltar entre seções usando os cabeçalhos.

Exemplo de hierarquia correta:

<h1>Título Principal</h1>
<h2>Seção 1</h2>
<h3>Subseção 1.1</h3>
<h3>Subseção 1.2</h3>
<h2>Seção 2</h2>
<h3>Subseção 2.1</h3>
<h4>Detalhe 2.1.1</h4>

Evite pular níveis de cabeçalho ou usar cabeçalhos apenas para estilização visual. Em vez disso, mantenha a ordem lógica para refletir a estrutura do conteúdo.

Benefícios:

• Acessibilidade: Usuários de tecnologias assistivas podem entender e navegar pelo conteúdo de forma eficiente.
• SEO: Motores de busca utilizam cabeçalhos para compreender a estrutura e o conteúdo da página.
• Organização: Facilita a manutenção e a atualização do conteúdo pelo desenvolvedor.

Para verificar a hierarquia de cabeçalhos, você pode utilizar ferramentas como:

• WAVE Web Accessibility Evaluation Tool: Analisa a estrutura de cabeçalhos e outros aspectos de acessibilidade.
• W3C Markup Validation Service: Verifica a conformidade do seu HTML com os padrões web.

Manter uma hierarquia clara e lógica nos cabeçalhos melhora a experiência de navegação para todos os usuários.

10. Valide a acessibilidade do seu site

Após implementar as boas práticas de acessibilidade, é fundamental validar seu site para garantir que ele atenda às diretrizes e seja acessível a todos. Utilize ferramentas que identificam problemas técnicos, visuais e de navegação que podem passar despercebidos durante o desenvolvimento.

Ferramentas recomendadas:

• WAVE Web Accessibility Evaluation Tool: Analisa páginas e destaca problemas relacionados a contraste, uso de ARIA, navegação por teclado e outros aspectos técnicos.
• Axe Accessibility Checker: Extensão para navegadores que fornece relatórios detalhados sobre acessibilidade.
• Google PageSpeed Insights: Além de avaliar o desempenho do site, oferece insights sobre acessibilidade com foco em melhorias práticas.

Testes manuais importantes:

• Navegue pelo site usando apenas o teclado para garantir que todos os elementos interativos sejam acessíveis sem o uso do mouse.
• Utilize leitores de tela, como o NVDA (Windows) ou o VoiceOver (macOS), para verificar a clareza e a navegabilidade das informações.

Consulte também as Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG) para assegurar que seu site esteja em conformidade com os padrões globais de acessibilidade.

Validar o site regularmente é essencial para manter a acessibilidade ao longo do tempo, garantindo uma experiência inclusiva e de alta qualidade para todos os usuários.

Conclusão

A acessibilidade na web é essencial para criar uma experiência inclusiva para todos os usuários, independentemente de suas habilidades. Implementar práticas como o uso de HTML semântico, fornecer textos alternativos para imagens, garantir contraste adequado e validar regularmente o site são passos fundamentais para melhorar a usabilidade e o alcance do seu conteúdo.

Ao adotar essas 10 boas práticas, você contribui para uma internet mais acessível e demonstra compromisso com a inclusão digital. Lembre-se de que a acessibilidade beneficia não apenas pessoas com deficiência, mas todos os usuários, aprimorando a experiência geral e fortalecendo a presença online do seu projeto.